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JOÃO LUIZ DE OLIVEIRA

JOÃO LUIZ DE OLIVEIRA
3º Presidente – 25 de Agosto de 1943 a 04 de junho de 1944

O REINÍCIO
Depois da última reunião protocolar realizada em 17 de janeiro de 1937 a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ANÁPOLIS somente voltou a atividade funcional em 25 de agosto de 1943 conforme registro em seu livro de Atas n 1 fls 47 a 53.
A assembleia tornou-se possível com a presença do Sr. Prefeito Municipal Joaquim Câmara Filho nomeado pelo Sr. Interventor no Estado de Goiás Dr. Pedro Ludovico Teixeira bem como a do Dr. Promotor de justiça na época, o Dr. João Peclat.
Interessante é que mesmo estando presente o Sr. Carlos de Pina Presidente da Associação Comercial de Anápolis a reunião foi presidida e conduzida pelo Prefeito Municipal.
Nessa ocasião foram expostas as razões que motivaram a reforma dos Estatutos e a constituição da nova Diretoria da entidade. O anteprojeto foi lido pelo associado Juvenal Amaral e resultou aprovado com algumas emendas. Em seguida foi apresentada a chapa que logrou ser aprovada por aclamação elegendo os seguintes:

Presidente: João Luiz de Oliveira
Vice Presidente: Jonas Ferreira Alves Duarte
1º Secretário: Juvenal Campos Amaral
2º Secretário: José Quinan Filho
1º Tesoureiro: Benedito Mathias
2º Tesoureiro: Barbahan Helou

Diretores em função específica:
Eliseu Jorge de Campos
Carlos de Pina
Alderico Borges de Carvalho

Conselho Consultivo:
Achilles de Pina
Eduardo Chehab
Jorge Salomão
Ítalo Naguettini
José Miguel
Zeque Sabbag
Albérico Borges de Carvalho

Consultor Técnico:
Gisberto Ferraresi

Essa reunião de organização administrativa foi realizada no prédio novo onde instalou o Fórum e a Prefeitura Municipal situado na Praça do Bom Jesus então nominado Palácio da Justiça.

Nasceu no município de Anápolis na fazenda Sapato Arcado que hoje faz parte de Ouro Verde em 30 de outubro de 1904 e faleceu nesta cidade em 14 de dezembro de 1969. Foi casado com a Professora Maria José Dafico de Oliveira. Não deixaram descendentes.
Filho de Antônio Rodrigues de Oliveira e de Maria Luiza de Oliveira perdeu o pai em 1 915 e a mãe em 1 925.
Iniciou a alfabetização em escola rural e avançou em estudos com perseverança, conseguindo adquirir por esforço próprio sólida Cultura literária tornando-se um dos maiores jornalistas e escritores de sua época.
Irresignado com a política mandonista, corajosamente, com o apoio de Mario de Alencastro Caiado e Domingos Velasco fundaram em Anápolis o comitê pro eleição de Getúlio Vargas e João Pessoa. Isso lhe valeu ameaças de sofrer desfeita, com surra, por câmara de ar, se votasse na eleição de 1930.
Triunfante a Aliança Liberal, foi nomeado o Primero Prefeito de Anápolis, substituindo o antigo “Intendente”.
Em sua administração cuidou de recuperar as finanças e o crédito da Prefeitura. Fundou a Escola Normal, preparou o primeiro campo de aviação no pasto do Pedro Jesuíno, onde desceu o primeiro aeroplano, do Correio Aéreo Militar, criado por Eduardo Gomes, em 2 de dezembro de 1931. Atuou, eficazmente, com os políticos locais, e com os representantes goianos, no congresso nacional, para a vinda dos trilhos da Estrada de Ferro. Promoveu um telegrama com mais de 100 assinaturas de mulheres pedindo a Sra. Darcy Vargas, esposa do Presidente Vargas, sua interferência para obtenção de verba complementar para conclusão das obras, que foi coroada de êxito, com a inauguração da estação de Anápolis em 7 de setembro de 1935.
Ocupou a presidência da Associação Comercial, num período crítico, de cerceamento das liberdades com o país sofrendo os efeitos da grande guerra. Atuou com hombridade, gerindo o racionamento de víveres como sal, gordura, combustíveis e utilidades, combatendo com energia o chamado “câmbio negro”, que tanto prejudicava a população.
Foi um presidente operoso que, dentro de suas limitações, contornou as dificuldades e restaurou o prestígio e a autoridade da Associação Comercial de Anápolis.
Contam, a boca pequena, uma passagem interessante do seu comportamento e do seu apego a sua cidade natal, quando, eleito ocupou o cargo de Prefeito, pela segunda vez.
Estava em construção o bueiro para a passagem das aguas do Ribeirão das Antas, na Avenida Goiás. E toda a madeira de escoramento era fornecida pela serraria do Nicolas Mouro, que funcionava no Jundiaí, ao lado da Avenida Santos Dumont.
Semanalmente ele próprio ia até o Sr. Nicolas e ali acertava o preço do material, consumido. Nessas ocasiões pechinchava, discutia e sempre obtinha descontos substanciais.
Um dia, porem chegou um carroceiro com uma lista de caibros com especificação de bitola e comprimento contendo o pedido assinado por Joao Luiz.
No dia seguinte, pela manhã, o Sr. João compareceu à serraria, onde, após os cumprimentos, pediu a nota dos caibros, que o Mouro lhe entregou.

Sem nada dizer meteu a mão no bolso interno do paletó e dali tirou a carteira, e começou a retirar o dinheiro:

O Sr. Nicolas se espantou e interferiu dizendo:

– Não, Sr. João, a nota está errada. O preço é outro. Pensei que o Sr. iria pedir a diferença, como de costume, mas, vejo que o senhor vai pagar, sem nada dizer.

O nobre João Luiz de Oliveira, com seu jeito, tão peculiar, explica:

– Esse material, ontem levado, foi para minha casa. Os outros eram para a Prefeitura, beneficiando o povo. Por isso “chorava”!

Foi Presidente de 29 de agosto de 1943 a 08 de agosto de 1950.

Presidiu 20 reuniões da Associação e seu Vice, Jonas Ferreira Alves Duarte, 2 reuniões.

Eduardo Chehab – 1 reunião

Dr. Plácido de Campos – 1 reunião

Dr. Emival Ramos Caiado – 1 reunião

Nenhuma outra assembléia se realizou. Apenas, reuniões de Diretoria aconteceram em 12 e 26 de setembro, 24 de outubro e 7 e 21 de dezembro, na casa de residência do Presidente, João Luiz de Oliveira.

Os assuntos ventilados nessas reuniões foram constantes e preocupantes: a falta de vagões na Estrada de Ferro Goyaz para dar vazão à volumosa concentração de cereais que permaneciam em Anápolis, com risco de deterioração, e sem outro meio de escoamento, senão pela via férrea.

Após o impacto da implantação de Goiânia, provocando abalos em nossa vida social e econômica, diminuindo, assim, a marcha do nosso desenvolvimento, um fator novo começou atuar em nosso favor.

A COLÔNIA AGRÍCOLA NACIONAL DE GOIÁS, já em atividade, começou a produzir e a carrear para Anápolis as fartas produções, advindas das colheitas de cereais. Isso porque o incentivo básico, o financiamento efetivo das lavouras, foi feito pelos cerealistas anapolinos.

Aliás, esse processo já estava consolidado, há anos, antes mesmo da chegada dos trilhos na cidade, com as fartas colheitas do café.

E o produto “in natura”, que aqui chegava procedente das lavouras, situadas no médio norte, em grande parte, era trazido por velhos caminhões, movidos a gasogênio. O combustível comum, a gasolina, passou a ser negociada no chamado “câmbio negro”.

Não existiam estradas e nem caminhões capacitados, como hoje, que suportam o peso embora com maior ônus na circulação de riquezas, por todo país.
O único melo era a estrada de ferro, com máquinas movidas a vapor, que não suportavam o volume da carga a ser transportada.
Daí, serem constantes os clamores e as reclamações, face ao risco de perdimento de tantos bens perecíveis.
Uma das causas que mais irritavam os cerealistas e comerciantes de Anápolis era o fato da transferência da linha mestra da Estrada de Ferro Goyaz para Goiânia. Nossa cidade passou a ser sacrificada na condição de ramal. Os vagões eram destinados a estação da capital, e, ali, ficavam ociosos, enquanto que, em Anápolis, a falta deles constituía um problema de ordem nacional.
O que atuava, na ocasião, infelizmente, era o espírito da política partidária, nociva e corrompida, odiosa, dominante no Estado, que não contava com o apoio e nem com a aprovação dos anapolinos. Por isso Anápolis pagava caro, muito caro, o preço da sua ousadia em ser oposição.
Em recurso extremo, os cerealistas de Anápolis, conseguiram alguns vagões na Estação de Goiânia, mediante agrados, presentes, gorjetas e propinas aos gerentes, daqui e de lá, que se tornaram as figuras mais importantes. Presenciei empáfias desses deformados, quando submetiam os nossos exportadores ao vexame de suplicantes de favores.
Outro assunto que mereceu atenção e cuidados da Associação Comercial foi o problema da falta de sal e de açúcar que já afetava a população. Questionava-se, e muito, as passagens desses produtos por aqui, e destinados a outras cidades do Estado. Era comum a grita popular acusando a existência do chamado “câmbio negro”.
Para se ter uma ideia das dificuldades que enfrentavam os cerealistas, sacrificados em suas liberdades, a Associação Comercial teve que intervir para se comprarem 500 mil sacos de aniagem, vazios, (meio milhão), destinados ao ensacamento de cereais aqui beneficiados, e destinados à exportação para fora do Estado, e, também, para o consumo interno da população, e 15 mil sacos de açúcar cristal, que estava escasso no mercado, e que foram distribuídos pelo critério de racionamento.
No ano de 1943 foram admitidos os seguintes sócios, conforme assento as folhas 53 a 59 do Livro de Atas n° 1.
João Pires
Jean Jacques Wirth
Otto Taube
Salim Cecílio Chaibub
Raimundo Sobral Filho
Abrão Miguel
José Miguel
Leoni Mendonça
Caied Salim & Filho
Elias Jorge
Leyser & Bevinhati
João Pedro Neto
Cristóvão Campos
Luis Fernandes & Irmão
Abrão Zacarias & Cia
Razem Elias
A. Xavier Nunes & Correa
Abdalla Badauy
Sebastiao Pedro Junqueira
Laudelino Cesar de Melo
João Hueb
José Otaviano do Espírito Santo
Galiano Jacomossi
Adir Furtado de Menezes
Benjamim Alexandre Filho
João Teixeira
José Gomes dos Santos
Rubens Arruda
José Ataliba Gordo
Antônio Joaquim Gomes
Augusto Pinto Pereira
Manoel D. Machado
Jose Oliveira Campos
Moacir Romeu Costa
Eurico Dardeau de Albuquerque
Ulisses Alves Cunha
Siqueira & Cia
Carlos Mendes de Oliveira
Carlos Elias & Cia
Wady Antônio Isaac
José E. Roriz
Sociedade Imobiliária de Anápolis
José Maria do Nascimento Junior
Francisco de Assis Lage

O Sr. Bruno Anders, por ser alemão, foi recusado como associado, em reunião realizada em 31 de outubro de 1943.

O ANO DE 1944

Continuava a guerra, acesa e violenta, na Europa e na Ásia, trazendo consequências danosas a vida do povo brasileiro. Havia instabilidade social e econômica Registravam-se carências de alimentos, combustível e meios de transporte, sobretudo limitações das liberdades.
Assim, a Associação Comercial de Anápolis continuou com reuniões apenas de sua d1retoria, para cuidar dos assuntos mais urgentes, que causavam prejuízos às atividades dos comerciantes, seus associados.
As providencias, então, se resumiram ao período de Janeiro até 8 de agosto, quando se viu forçada a nova paralisação, decorrente de instabilidade da vida agitada pelo tumulto da guerra, que provocava, no meio da sociedade, abalos profundos, com a convocação de multos jovens para integrarem as forças expedicionárias, que seguiam para Europa.
Nesse período, então, foram realizadas sete reuniões reservadas, dos diretores e duas assembleias, que contaram com as participações do Sr Prefeito Municipal, do Promotor de justiça e, também, do Delegado Regional de Polícia.
A tônica das reuniões, foi constante o assunto da falta de vagões para escoamento do arroz beneficiado que ficava estocado em Anápolis, precariamente armazenado sujeito a deterioração. Chegava a 60 mil sacas desse produto, paralisados causando apreensões aos comerciantes, registrando-se algumas perdas.
Também situação inquietante era a questão do abastecimento: A falta de sal, açúcar, gordura, que passaram a ser racionados pela Associação,que provocou a ida dos associados, Barbahan Helou e Abdalla Badauy credenciados pela Presidencia, para solicitarem ajuda do Sr Interventor no Estado, para exporem à autoridade a situação aflitiva que se encontrava a população e lá conseguiram a interferência do Sr. Interventor para ceder, da conta do Estado, 500 sacos de sal e 500 sacos de açúcar, que seriam remetidos, com máxima urgência, para serem distribuídos à população por meio do racionamento rigoroso.

Nessa oportunidade, 11 de maio de 1944, informou também o Sr. Interventor que o Governo do Estado estava disposto a implantar em Anápolis a infra-estrutura para calçamento, rede de água potável e esgotos. Também foi cogitada a possibilidade de construir a sede da Associação, mediante financiamento pelo IAPC, desde que houvesse terreno apropriado, no centro.

Foi realizada assembléia, no dia 4 de junho de 1944, sob a presidência do Sr. João Luiz de Oliveira, com o objetivo de julgar as contas de sua administração, bem como proceder-se a eleição dos novos diretores, que deveriam comandar a entidade, até 1946.

Aprovadas as contas, por aclamação foram eleitos os seguintes:

Presidente: João Luiz de Oliveira
Vice Presidente: Albérico Borges de Carvalho
1° Secretário: Juvenal Campos Amaral
2° Secretário: João Faria
1° Tesoureiro: Benedito Matias
2° Tesoureiro: Elizeu Jorge de Campos

Diretores sem função específica:

Jonas Ferreira Alves Duarte
Jorge Pedreiro
Barbahan Helou

Conselho Consultivo:
Eduardo Chehab
SilfridoWagner Sohirman
João Batista Cimini
Jean Jacques Wirth
Plínio Gonzaga Jaime
José Abdalla

O 2º tempo de

JOÃO LUIZ DE OLIVEIRA
4° Presidente – 04 de junho de 1944 a 08 de agosto de 1950

Essa reunião somente foi possível porque contou com as presenças do Sr. Prefeito Municipal, Dr. Joaquim Câmara Filho, do Dr. Promotor de Justiça, João Peclat e do Delegado Regional de Polícia, Coronel Getulino Artiaga.

A findar a reunião, o Sr. Prefeito Municipal, por proposta do Sr. Barbahan Helou, entregou três canetas-tinteiro, oferecidas pelos associados, como reconhecimento aos trabalhadores, em favor da Associação, aos diretores, João Luiz de Oliveira, Juvenal Campos Amaral e Benedito Mathias.

Tratou-se, também do problema da mendicância, aumentada na cidade, tendo o Sr, Antonio Luiz de Pina, sugerido a ampliação de socorro aos pobres, mediante contribuições efetivas e voluntárias de pessoas caridosas, oferecendo, logo, em caráter permanente, a importância mensal de CR$ 250,00, gesto imitado por outros. Assinaram a ata dessa assembléia 49 associados, conforme consta as fls. 84 a 86 do livro de Atas, n°. 1.

Nas reuniões últimas da Diretoria, foi recebido telegrama do Sr. Inspetor da Campanha Mogiana de Estrada de Ferro, responsável pelo percurso de São Paulo até Araguarí, comunicando a existência de 125 vagões, na estação da cidade mineira e mais de 75 carregados e paralisados no trecho Uberaba-Uberlândia, destinados a Anápolis. Fato esse que motivou a designação de uma Comissão integrada por Juvenal Campos Amaral e Benedito Mathias para tratarem da solução do caso, junto à Direção da Estrada de Ferro Goyaz.

Os eleitos tomaram posse, em seus cargos em reunião simples, da diretoria, em 30-6-1944

INTERRUPÇÕES

A Associação interrompeu suas atividades, após a última reunião, ocorrida em 8 de agosto de 1944, e recomeçou em 1º de julho de 1950, sob a presidência do Sr. João Luiz de Oliveira. Livro de Atas, nº. 3, fls. 1.

Nessa reunião, apenas, foi tratado o projeto em discussão, na Câmara Municipal, pretendendo implantar, em Anápolis, a chamada “Semana Inglesa”. A entidade recusou aprovação.

Consta da referida Ata e outras, subseqüentes, que a entidade aparece com o nome de ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, INDUSTRIAL E AGRO-PECUÁRIA DE ANÁPOLIS.

Não encontramos, todavia, registros ou providências da alteração, senão anúncio de que a entidade, efetivamente, funcionou com a denominação de “ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, INDUSTRIAL E AGRO-PECUÁRIA DE ANÁPOLIS”, como sociedade civil.

Em 8 de agosto de 1950, após as convocações regulares, publicadas pela imprensa, foi realizada a eleição da nova Diretoria e do Conselho Consultivo da Associação Comercial, Industrial e Agro-Pecuária de Anápolis, obtendo-se o seguinte resultado.

Presidente: Sócrates Mardocheu Dinis
Vice – Presidente: João Luiz de Oliveira
1º Secretário: Plácido Campos
2º Secretário: Edwirges Soares
1º Tesoureiro: Eurico Dardeau Albuquerque
2º Tesoureiro: Aryowaldo Tahan

Diretores: Antônio Luiz Pina
Barbahan Helou
Jonas Ferreira Alves Duarte

Conselho Consultivo:
Carlos Dias Noleto
Albérico Borges de Carvalho
José Abdalla
José Pedro de Lima
Joaquim Propício de Pina
Antônio Xavier Nunes Filho
Jorge Abrão Pedreiro