CARLOS CASTANHO
8º Presidente
08 de novembro de 1954 a 20 de janeiro de 1957
Foi o oitavo Presidente da Associação Comercial de Anápolis. Foi eleito, inicialmente, como Presidente da Junta Governativa, que se formou, extraordinariamente, para suprir a direção da entidade, no período intermediário entre a renúncia do Presidente Adherbal Cunha e toda a sua Diretoria e a eleição da nova, que iria substituí-la.
Assim, ao ser eleito Presidente, formou logo uma equipe de auxiliares que muito o ajudou em seu desempenho, na tarefa de restaurar o prestígio da entidade, abalada com algumas interrupções.
Promoveu a vinda do Sr. Dr. Raul Cavalcante de Albuquerque, diretor da Estrada de Ferro Goiás, que, em reunião aberta e franca, abordou e solucionou algumas pendências crônicas na problemática exportação de cereais pela via férrea.
Promoveu a vinda do Sr. Governador do Estado, Dr. José Ludovico de Almeida, com vários Secretários de seu Governo, quando, em 05 de novembro de 1.955, de forma livre e democrática foram abordados os principais temas de interesse de toda população. Houve, nessa ocasião, a aproximação do Governo com o povo de Anápolis, que vinha sendo olvidado pela administração, e passou a receber o bafejo do governo, como, energia elétrica, estradas, aeroporto, colégio estadual, Banco do Estado, serviço de telefones automáticos e participação direta de elementos de Anápolis no Governo.
Esse encontro marcou época e mudou os destinos da política no Estado, passando Anápolis a desfrutar de melhores atenções e carinho, face à sua pujança econômica, já saliente no Centro-Oeste, como o maior entreposto de cereais.
CARLOS CASTANHO era paulista e chegou a Anápolis, atuando no ramo de cereais. Não se envolveu em outras atividades. Tão logo arrefeceu o setor cerealista, ele daqui se mudou com a família para a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, deixando muitos amigos e admiradores.
Foi um excelente cooperador ativo da Associação Comercial, cujo exemplo serviu de inspiração para outros que o sucederam.
Homem simples, de estatura mediana, trajava-se com modéstia, porque era, de fato um homem seguro em suas ações. Caráter exemplar, bom chefe de família, foi um obreiro de nosso progresso.
A Associação Comercial, recebeu a visita do Sr. Diretor da estrada de ferro Goyaz, engenheiro Dr. Raul de Albuquerque Cavalcante, convidado especial, que veio à Anápolis, com o propósito de discutir e encontrar solução para o magno problema do escoamento dos produtos agrícolas aqui estocados.
Essa reunião, concorrida, com a presença de autoridades e numerosos comerciantes, foi realizada na sede do Aeroclube de Anápolis.
Abrindo a sessão, inicialmente o Presidente Carlos Castanho deu a palavra ao Orador Oficial da entidade, Professor João Asmar, que em fluente peça oratória saudou o Engenheiro Raul Cavalcante de Albuquerque e os membros de sua comitiva, focalizando os problemas econômicos de Anápolis ligados com a Estrada de Ferro Goiás. As últimas palavras do orador foram abafadas por vibrante salva de palmas.
No ano de 1955 foram realizadas 23 reuniões, ordinárias e extraordinárias, da Associação Comercial de Anápolis, sendo quatro presididas pelo Vice, Antônio Cardoso e as demais, dezenove pelo Sr. Carlos Castanho.
A tônica predominante, em todo o período foi a problemática do transporte de cereais, de Anápolis, para os centros consumidores, Belo-Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
Parte da mercadoria era acomodada em vagões fechados e parte em gôndolas, abertas, e a carga envolvida com lona.
No percurso ocorriam depredações, saques e a carga era avariada. De certa feita o Gerente da Estação da Ferrovia, em Silvânia, desviou um vagão com arroz beneficiado da firma Pina & Irmão, que foi para Belo-Horizonte, onde foi vendida a carga para a firma Moises & Filho, Ltda. Houve interferência da polícia e o caso causou sensacionalismo.
O problema do transporte tinha, ainda, como causas incidentes, os atrasos de chegadas de vagões, carregados de mercadorias, procedentes de São Paulo, e destinadas ao comércio local. Não havia entrosamento entre as diferentes ferrovias, seja entre a Mogiana, a de Jundiaí e a Goiás, que apresentavam desgastes em todo maquinário.
O assunto foi constante, na imprensa e no parlamento nacional, envolvendo até a Governadoria do Estado.
Outro pormenor de destaque foi o amparo que se prestou à Escola Técnica de Comércio, ao utilizar o prédio novo, construído pelo SENAC, e oferecido à Escola, para seu aproveitamento, desde que mobiliado, convenientemente. Foi obtida a verba de Cr$ 36.000,00, concedida à Associação, para amparar a Escola, que já beneficiava um grande número de alunos, com aulas noturnas.
Em 30 de setembro de 1955, conforme convocação pela imprensa, reune-se a Associação Comercial de Anápolis, especialmente, para apreciar, discutir e votar o projeto dos novos estatutos da entidade.
Após acaloradas discussões, com algumas emendas aditivas e supressivas, o projeto foi aprovado, constante no livro de atas, nº. 4, às fls. 1ª a 12, contendo 57 assinaturas.
REUNIÃO IMPORTANTE
Em cinco de novembro de 1955, teve lugar uma reunião extraordinária, realizada nos salões do Clube Recreativo Anapolino, que contou com a presença do Sr. Governador de Goiás, Dr. José Ludovico de Almeida, e vários Secretários de Estado, que tomaram conhecimento das seguintes indagações, formuladas pela Associação:
1 – Propósitos com relação à cooperação do Estado no problema da energia, Luz e Força, em Anápolis;
2 – Propósitos com relação à cooperação do Estado sobre a instalação de telefones automáticos em Anápolis;
3 – Propósitos com relação à cooperação do Estado ao ensino primário e secundário, “Ginásio do Estado em Anápolis”;
4 – Propósitos com relação à cooperação do Estado no prosseguimento da rodovia Anápolis – Goiânia;
5 – Cooperação do Banco do Estado de Goiás para o comércio, indústria e produção, pela Agência Anápolis;
6 – Cooperação do Estado junto à autoridades federais para solução do transporte ferroviário em Anápolis.
O Sr. Governador foi saudado pelo Dr. Benedito Batista de Abreu, em nome da entidade e do povo de Anápolis, recebendo merecidos aplausos.
Usando a palavara o Sr. Governador agradeceu a acolhida e as manifestações, tão amigas, e disse:
1 – Sozinho, o Estado de Goiás, não poderá responsabilizar-se pelo empreendimento, mas, sim, com a ajuda do povo anapolino.
Em aparte o Vereador Anapolino de Faria, Presidente da Câmara Municipal, ratificou: “O povo de Anápolis estará ao seu lado para fazer o que for necessário”. Recebeu palmas.
2 – Que está praticamente resolvido o prosseguimento da rodovia Anápolis – Goiânia, faltando, apenas, 14 quilômetros para a sua conclusão. Concedeu a palavra ao engenheiro Dr. Bernardo, que explicou, com detalhes, a situação da rodovia, em fase de conclusão, no que foi muito aplaudido.
3 – Sobre a questão do ensino primário e secundário, em Anápolis, o Sr. Governador esclareceu aos presentes já estarem concluídos os trabalhos teóricos para a construção do Ginásio Estadual em Anápolis, passando a palavra ao Sr. Secretário da Educação, Dr. José Feliciano Ferreira que discorreu sobre as providências já tomadas para instalação de novas escolas primárias, em todo o Estado, face às necessidades nacionais, sobretudo, em Anápolis.
4 – Sobre o Banco do Estado de Goiás, em face de concretização, o Sr. Governador passou a palavra ao Sr. Segismundo Melo, e o objetivo de torná-lo um instrumento para alavancar o progresso, na região.
5 – Sobre a melindrosa questão do transporte ferroviário, o Sr. Governador informou à assembléia as constantes providências, junto às autoridades competentes, passando a palavra ao Dr. Raul Albuquerque Cavalcante, Diretor da Estrada de Ferro Goiás, que explanou a situação da ferrovia e os esforços para torná-la eficiente e útil. Foi aparteado pelo Dr. Alexis Salomão que apontou ponto de insuficiência do transporte, insegurança e carência. O Sr. Diretor reafirmou os propósitos de tornar a ferrovia um meio de transporte seguro e não a causa de tantas reclamações.
6 – Sobre a situação do Aeroporto de Anápolis informou do empenho e trabalho dos representantes de Goiás, no Senado Federal, para obtenção de recurso para melhorar as instalações do nosso Aeroporto.
7 – Sobre a questão da força e luz o Sr. Governador passou a palavra para o Sr. Achilles de Pina, que, como Diretor da Empresa Força e Luz Anápolis, após breves palavras de agradecimentos e confiança na ação do Sr. Governador, pediu licença para retirar-se, afim de facilitar as eventuais discussões. Pelo Sr. Dr. Oton Nascimento foi explicada a situação e o propósito do Governo em amparar a cidade com medidas concretas para assegurarem o seu desenvolvimento.
Por fim, em nome da Associação, o Sr. Governador. Dr. José Ludovico de Almeida e sua comitiva foram saudados pelo Dr. João Asmar, que exaltou o significado da reunião, tão importante, abstraído das influências da política partidária, mas inspirado e fortalecido pelo dever cívico, impulsionado pelo amor à Pátria.
Pronunciou o seguinte discurso:
“Exmo. Sr. Dr.
JOSÉ LUDOVICO DE ALMEIDA
Digníssimo Governador do Estado de Goiás
Senhoras e Senhores:
De tempos em tempos, na vida dos povos, acontecimentos extraordinários assinalam mudanças de épocas, que se caracterizaram pelo progresso ou pela decadência das suas realizações.
Na história do Município de Anápolis, determinadas efemérides são lembradas com orgulho, pois, que marcam o início de obras engrandecedoras, que o elevaram na senda do trabalho e da nobreza.
As iniciativas dos seus habitantes, ora impulsionando a lavoura, semeando cafezais, embelezando as campinas com rebanhos numerosos; ora prosperando e multiplicando as indústrias, ora conduzindo o seu comércio, via da consolidação, que o torna pujante e sadio, ao mesmo tempo que irradia pelo Estado, pelo Brasil e pelo Mundo, atraindo operários da boa messe ou levando a outros centros frutos do trabalho santo e dedicado, fizeram de Anápolis a terra da promissão.
Para o Estado, Anápolis dá três vezes mais do que aquilo que retém, e, para a União, entrega o dobro do que lhe sobra para empreendimentos de natureza pública, mas, nem por isso, deixa de estender a sua mão a todos os que se acham imbuídos da boa vontade para levar avante a flâmula da ordem e do progresso.
Aqui, nesta terra roxa e fecunda, nasceu a Associação Comercial, entidade que representa e que congrega quantos aqui trabalham pela sua grandeza.
E, cônscia da sua finalidade, da sua ação benfazeja, da sua responsabilidade, ela não mede sacrifícios para efetivar os ideais de paz, de amor e de justiça, que se refletem em todos os seus associados.
Eis porque, senhores, neste dia, a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ANÁPOLIS, planta um marco histórico no Município, chamando, pela primeira vez, num ambiente simples e sereno, o povo para encontrar-se com o seu Governador, ouvindo-lhe o manifestar sobre assuntos de magna importância para a estabilidade e harmonia entre Governo e governados.
Não são interesses de grupos ou de partidos políticos e nem alardes de propagandas eleitorais; não são os ditames das vaidades ou das bajulações dos politiqueiros e nem a capitulação da massa diante do Poder. Não é o desmentido de recalques, de mágoas ou erros do passado, mas a firmação de boa vontade, imbuídos de responsabilidade para solução de problemas sérios, que afligem a alma da gente que habita este torrão abençoado, que ditou este feliz acontecimento.
E, com os olhos voltados para os céus, esperamos os frutos dessa realização. Oxalá interessados e interesseiros, algum dia possam se entender, quando se vence o personalismo pelo humanismo e pelo cooperativismo.
Ao encerrar, portando, essa tertúlia, como arauto da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ANÁPOLIS, deixamos, aqui, consignados, os nossos mais puros e sinceros agradecimentos ao Excelentíssimo Senhor Doutor José Ludovico de Almeida, Digníssimo Governador do Estado de Goiás, pela aceitação do nosso convite para esta assembléia, e, sobretudo, pela honrosa visita que nos proporciona, distinguindo e dignificando a nossa amada terra.
Às autoridades locais, igualmente, externamos o nosso muito obrigado pela cooperação e pelo acatamento do nosso propósito, hoje realizado.
Aos dignos associados, obreiros incansáveis na tarefa de progredir, manifestamos a nossa gratidão.
E, ao povo de Anápolis, em geral, tão evoluído, tão trabalhador e tão heróico, razão da nossa vida e do nosso ideal, agradecemos e reafirmamos: a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ANÁPOLIS está de pé, pugnando com decência e com coragem, em todas as horas, procurando, sempre, elevar o seu nome e abençoando o nome desta boa terra, de Goiás e do Brasil, tão queridos.”
OBSERVAÇÃO – Dessa reunião, de fato, resultou:
1 – Adesão, ao Governo do Estado, e ao seu partido político, o P.S.D., de todo o grupo, numeroso e importante, liderado pelo Sr. Achilles de Pina, como seu irmão, o Prefeito Carlos de Pina, acompanhado de todos os seus secretários e os Vereadores Amador Abdalla, Adão Mendes Ribeiro, o Sebastião Manoel da Silva e João Batista Machado, além de muitos outros vultos importantes da vida social e política de Anápolis, que passou a merecer uma secretaria no governo Juca Ludovico.
Também foi positiva a união dos Líderes Jonas Ferreira Duarte, que, com seus sócios, Dr. Plácido de Campos e José Candido Lousa, cederam o complexo do Banco Mercantil do Oeste Brasileiro S.A. e o loteamento do Jundiaí, ao Estado, formando um substancioso bloco, com a união de forças políticas, antes antagônicas, no município de Anápolis.
De forma concreta o Sr. Governador Dr. José Ludovico de Almeida, que fora, aqui, derrotado, nas eleições de 1954, na proporção de 3 votos por um, frente ao seu opositor, Dr. Galeno Paranhos, apoiado pelo grupo de Achilles de Pina, superou todos os ressentimentos, demonstrados durante os primeiros 10 meses do seu governo, quando ficou silencioso, sem responder a um ofício, sequer de qualquer órgão político ou não, de Anápolis, passou a ser o seu maior benfeitor.
Cumpriu o prometido: concluiu e asfaltou a estrada Anápolis – Goiânia, parte da Transbrasiliana, BR – 153.
Encampou o arcaico serviço de telefonia, a cargo da Prefeitura, e providenciou a instalação dos modernos telefones automáticos, mediante concorrência pública, vencida pela Siemens do Brasil.
Construiu e reformou escolas primárias e empenhou-se e concluiu a construção do majestoso Colégio Estadual, que merecidamente, ostenta o seu honrado nome.
Em apêndice, como peça ilustrativa, resultante desse feliz encontro, promovido pela Diretoria da Associação Comercial de Anápolis, segue o relato sobre o que ocorreu para a conclusão da obra.
A empresa Força e Luz de Anápolis foi encampada pelo Estado e graças a isso Anápolis recebeu injeção de maior força elétrica, embora com extensão da rede elétrica, provisória vinda de Nerópolis, terminal da energia gerada pela cachoeira do Rochedo.
O tempo passou. Mas, das providências, altruísticas, patrióticas, levadas a efeito pela Diretoria da Associação Comercial, em providenciando a aproximação do Governo do Estado com os mais salientes líderes da política local, resultou um impulso considerável em nosso desenvolvimento.
Graças à cooperação do inteligente Dr. Sebastião Dante da Camargo Júnior, que foi a pessoa que intermediou a aproximação. Como auxiliar direto e conhecendo bem a índole do Sr. José Ludovico de Almeida, nele despertou o sentimento ínsito de brasilidade e estadista, que o fez superar todas as mágoas, eventuais, para tornar-se um dos maiores amigos e benfeitores da cidade de Anápolis, em todos os tempos.
Assim, quando ocorreu nova eleição, já em período mais distante, e, sendo candidato o Sr. José Ludovico de Almeida, o nosso Juca, em oposição o Major Mauro Borges Teixeira, filho do laureado Pedro Ludovico Teixeira, recebeu ele em Anápolis, a consagração, pois, derrotou o opositor, na proporção de 4 x 1 votos.
A ampliação, com detalhes, do que ocorreu e as consequências benéficas da feliz reunião, que marcou a mudança de rumo da política, em Anápolis e a influenciou, no Estado, é porque foi feliz, inspirada na decisão dos nobres dirigentes da Associação Comercial de Anápolis.
O Ano de 1955 foi encerrado com a reunião extraordinária, realizada no dia 20 de dezembro, sob a presidência do Sr. Antônio Cardoso, e parte dela, o Sr. Sebastião Pedro Junqueira.
O objetivo dessa reunião foi a presença dos representantes do Governo do Estado, Dr. Sebastião Dante de Camargo Júnior e Segismundo Melo, que aqui vieram para fazer explanações sobre a criação da empresa CENTRAIS ELÉTRICAS DE GOIÁS, a fim de angariar cotas ou ações para a formação de capital para a construção da projetada usina da Cachoeira Durada, no Rio Paranaíba.
Informaram os visitantes já estarem adiantados os contatos, sobretudo ajuda financeira do Banco do Desenvolvimento Econômico e do Governo Federal, pois, o plano, arrojado tem o propósito da eletrificação do Estado de Goiás, e, por isso vinham pedir a colaboração da Prefeitura de Anápolis, que anunciou, através do Sr. Prefeito Municipal, Carlos de Pina a subscrição de ação no valor de Cr$ 1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros) que, pelos expositores foi julgada insuficiente, face aos projetos em andamento para a transferência de energia para o município. Várias hipóteses foram ventiladas, aventando-se a possibilidade do comércio contribuir, mas que a ideia foi rejeitada, face aos encargos que pesam sobre os contribuintes, comerciantes.
Ao finalizar a reunião o Dr. Sebastião Dante de Camargo Júnior agradeceu o esforço dos anapolinos em cooperar com o governo do Dr. José Ludovico de Almeida, dizendo que “o senhor Governador deseja governar dentro de um clima de harmonia, concórdia, fazendo desaparecer as questiúnculas partidárias e que todos se congreguem num esforço hercúleo para beneficiamento do Estado de Goiás”.
Ao terminar, pois, o ano de 1955 verifica-se que foi proveitosa a ação da Associação Comercial, que, além da defesa eficiente e contínua de seus associados, avançou, muito mais, no terreno da boa política, aproximando o Governo dos governados, quebrando as arestas, de há muito existentes, entre o povo de Anápolis e administração estadual, face aos desmandos, anteriores, que fez da nossa cidade uma célula vibrante de oposição.
Resolvido o caso da aquisição do terreno para a edificação do colégio estadual, em Anápolis, que constava na lista das reivindicações dos anapolinos, o Governador acelerou a construção, emitindo ordem de serviço.
Foi então que em um grupo de vereadores, que atuaram na Comissão Especial, João Asmar, Sebastião Pedro Junqueira, Antônio Luiz Moreira e José Lourenço Mendes mais Homero Ferreira da Cunha, Sebastião do Espírito Santo, Jeverson Canedo e João Furtado de Mendonça, instaram e estimularam o engenheiro Elder Rocha Lima em arquitetar e desenhar a nova planta do sonhado Colégio.
Na planta de fachada os Vereadores pediram que escrevesse o nome do colégio, com letras maiores que pudessem ser admitidas. Assim, o Dr. Elder assinalou: “COLÉGIO JOSÉ LUDOVICO DE ALMEIDA”. Nunca se vira letreiro tão grande e vistoso, por aqui, nas fachadas dos prédios, particulares ou públicos, comerciais ou não.
Então, de posse dessa planta, os vereadores Sebastião Pedro Junqueira e Sebastião do Espírito Santo, que já eram correligionários do Governo, mais o vereador João Asmar, que era instado à adesão, pediram uma audiência em Palácio.
Foram recebidos festivamente pelo Governador que os acolheu abraçando um a um. Em seguida, assentando-se na sua cadeira giratória, iniciou a conversação:
– A que devo a honra de tão gratas visitas?
– Sr. Governador, viemos aqui molestá-lo com a tão falada e intrigada questão do Colégio Estadual de Anápolis.
– Mas isso já está resolvido, já dei ordem de serviço e as obras vão começar logo – Não há mais questão alguma.
– Mas, Sr. Governador, o caso é justamente esse: o Sr. tornou-se nosso maior amigo. A conquista do terreno foi uma luta do povo, que esperava uma correspondência das autoridades. A planta que está lá para base da construção, e da qual lhe trouxemos uma cópia, na verdade não condiz com o nome que ela ostenta…
Nesse momento os vereadores desenrolaram as plantas e as mostraram ao Dr. Ludovico de Almeida. Era a de um prédio comum, com letrinhas na fachada, indicando o nome da escola: “Colégio José Ludovico de Almeida”, de propósito ali escritas.
Abrindo a planta grande, de um lado Junqueira e de outro, Asmar, mostrando ao governador José Ludovico de Almeida o seu nome, ali escrito, com letras maiúsculas, bonitas, em toda extensão da fachada do bonito prédio.
O Governador olhou e sorriu largo. Gostou do que viu e disse:
– Mas isso está parecendo chantagem … Não mereço tanto… E, para fazer essa obra precisamos de mais dinheiro e não o temos, agora.
O “agora” abriu o caminho. Ele admitia, sim, a substituição do projeto, abandonando a planta padrão e adotando a nova, com o seu nome na testada do prédio.
Um dos vereadores ajuntou:
– É a única maneira que encontramos para agradecer e homenagear o grande governador, que olha por Anápolis e lhe abre o caminho para o progresso. O seu nome, Sr. Governador, será sempre lembrado e visto pelos anapolinos, que nunca abandonam aqueles que os compreendem e os ajudam.
Satisfeito, mas pensativo, Ludovico ajuntou:
– Quanto será preciso para essa obra? Os senhores já imaginaram?
– Mais ou menos uns 8 milhões, por alto…
– É muito dinheiro… Mas vamos ver o que se pode fazer…
Tocou a campainha que estava sobre a mesa e logo apareceu um secretário a quem deu ordens para elaborar uma mensagem à Assembléia Legislativa pedindo suplementação de verba e determinando nova ordem de serviço para ser assinada.
O monumental colégio foi construído rapidamente, em obediência às plantas do Dr. Elder Rocha Lima. Custou mais de doze milhões de cruzeiros e foi inaugurado em 22 de setembro de 1958.
Ainda hoje é um prédio moderno. Milhares de alunos já passaram por ele.
O governador José Ludovico de Almeida ainda fez muitas outras obras notáveis, beneficiando Anápolis.
– Abriu a nova estrada ligando Anápolis a Goiânia;
– Promoveu a instalação dos telefones automáticos;
– Favoreceu a ligação Anápolis-Brasília;
– Beneficiou escolas e tornou-se amigo da cidade.
Quando saiu candidato, depois, ele que havia perdido as eleições na proporção de 3 por 1, foi sufragado, obtendo uma vitória maciça em Anápolis, em quase 5 por 1 a seu favor. E isso em oposição ao seu parente Mauro Borges, filho do mais prestigioso político de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira.